CONCEPT - CENTRO DE CARDIOPATIAS CONGÊNITAS E ESTRUTURAIS DO PARANÁ
Login para pacientes

DÚVIDAS SOBRE CARDIOPATIAS CONGÊNITAS

Toda doença na qual há uma anormalidade na estrutura ou funcionamento do coração em decorrência de mal-formação desde o momento da vida fetal intra-uterina. As doenças congênitas já estão presentes ao nascimento, podendo manifestar-se durante a própria gestação, logo após o parto ou muitos anos após o nascimento, já em pacientes adultos ou idosos. Algumas das Cardiopatias Congênitas mais comuns são a Comunicação Interventricular, a Comunicação Interatrial, o Forame Oval Patente, a Persistência do Canal Arterial e a Coarctação da Aorta entre outras, todas passíveis de tratamento por cateterismo.

O que é Forame Oval Patente?

Habitualmente o sangue venoso, pobre em oxigênio, chega ao coração através de veias que desembocam no Átrio direito. Neste momento dá-se início ao processo de oxigenação deste sangue, que passa pelas cavidades direitas do coração (Átrio Direito e Ventrículo Direito) até chegar aos pulmões.

Recebendo o oxigênio proveniente da respiração, o sangue retorna pelas Veias Pulmonares até o Átrio Esquerdo, passando para o Ventrículo Esquerdo e atingindo a Aorta, a grande artéria pela qual se inicia a distribuição do sangue oxigenado para o corpo.

Durante a gestação, tudo o que o feto precisa receber de oxigênio e nutrientes é passado da mãe para a criança através do cordão umbilical. Este sangue chega ao coração do feto também no Átrio Direito, no entanto como a oxigenação não se dá no pulmão, para que o sangue circule e passe para o lado esquerdo boa parte dele o faz através de um “túnel” entre os Átrios Direito e Esquerdo chamado Forame Oval.

O Forame Oval, portanto, é uma estrutura normal e que faz parte da vida do feto. Se não existisse, haveria dificuldade na circulação do sangue e o feto provavelmente não sobreviveria.

A maioria das crianças evolui com fechamento natural do Forame Oval pouco tempo após o nascimento, porém algumas delas crescem e se tornam adultos mantendo o Forame Oval Patente, ou pérvio. Pelo estudos estatísticos, sabe-se que aproximadamente 25% dos adultos normais tem Forame Oval, sendo considerado relevante apenas quando há alguma complicação em decorrência da sua existência (felizmente, a minoria das pessoas).


Fechar


Descobri que tenho Forame Oval Patente, devo fechá-lo?

25% da população normal de adultos, ou seja, uma em cada quatro pessoas no mundo, persistem com o Forame Oval Patente (FOP) após o nascimento e o crescimento (veja: “O que é o Forame Oval Patente?”). Sua simples existência, portanto, não significa necessariamente que ele precisa ser fechado. Para que se indique seu tratamento, é necessário que a pessoa tenha algum sintoma ou problema em decorrência da existência do Forame Oval Patente.

A Medicina de hoje ainda não sabe quem dos 25% da população vai desenvolver problemas pela passagem de sangue do lado direito para o esquerdo do coração através do Forame Oval. As indicações mais comuns.

Atualmente existem algumas indicações para o fechamento do Forame Oval Patente, sendo a principal o Acidente Vascular Cerebral (AVC, popularmente conhecido por “derrame”) em jovens e adultos causado pela obstrução de artérias cerebrais por um coágulo proveniente do lado direito do coração, e que tenha passado para o lado esquerdo através do FOP. Outra possível indicação seria em pessoas com profissões “de risco” para embolias, como pilotos de avião e mergulhadores. Existe ainda uma terceira indicação principal, em portadores de enxaqueca grave crônica com aura (sinal que precede a dor), já com tratamento clínico otimizado e sem melhora, porém esta indicação ainda encontra-se em estudos, não sendo consenso entre os médicos.

O mais importante, ao saber que é portador de Forame Oval Patente, é procurar um médico especialista na área de cardiopatias congênitas para que se avalie caso a caso da necessidade ou não de tratamento.


Fechar


Tive um AVC (derrame) e descobri que tenho Forame Oval Patente, o que eu faço?

A primeira coisa é consultar um médico cardiologista especializado em cardiopatias congênitas (de nascimento). Nesta consulta, será avaliada a relação que possa existir entre o Forame Oval Patente e o Acidente Vascular Cerebral (AVC, ou popularmente conhecido por derrame), que deve ser obrigatoriamente isquêmico (causado por falta de oxigenação do cérebro pela obstrução de uma artéria por coágulos).

Mais comumente, o Forame Oval pode causar um AVC em jovens e adultos, onde comprovadamente se detecte grande passagem de sangue do lado direto para o esquerdo do coração, e que não se descubra nenhuma outra causa evidente para o derrame. São fatores de risco: ocupação profissional (mergulhadores ou pilotos de avião, por exemplo), pessoas com história prévia de varizes ou trombose e portadores de coagulopatias (doenças que levem a uma maior facilidade na formação de coágulos do sangue).

É importante salientar que nem todo Forame Oval causa AVC, assim como nem todo AVC é causado por Forame Oval Patente.


Fechar


Descobri que tive derrame (AVC) causado por um Forame Oval Patente (FOP), qual o melhor tratamento - tomar remédio ou fechar o Forame?

Como o Forame Oval Patente está presente em 25% da população normal do mundo, cardiologistas, neurologistas e outros especialistas estão ainda tentando definir a melhor estratégia de tratamento para a maioria das pessoas. Esta definição virá de estudos realizados em vários países, após anos de avaliação, comparação de tratamentos, acompanhamento e de seus resultados.

Enquanto estes grandes estudos não são publicados, o que deve prevalecer são os resultados que temos hoje nas mãos, analisar cada caso e ter bom senso. A maioria dos estudos à disposição dizem que 20% (entre 13 e 25%, dependendo do caso) dos pacientes com Forame Oval Patente e AVC que só tomam remédio para diminuir ou evitar a formação de coágulos evoluem com novo derrame, contra apenas 0,5% dos pacientes submetidos ao fechamento do FOP, por cirurgia ou cateterismo*.

Além disto, em medicina não existem tratamentos que não tenham algum tipo de risco. O risco de complicações no cateterismo é muito baixo e muito menor ainda se o procedimento for realizado por um profissional com experiência no implante de próteses cardíacas. O uso de medicamentos, dependendo da sensibilidade de cada pessoa, tipo de medicamento e dose, pode levar a sangramentos, inclusive aumentando o risco de hemorragia cerebral caso o paciente apresente novo derrame. O tratamento medicamentoso também é para toda a vida, exige realização de exames com certa regularidade e alterações periódicas de doses ou tipos de remédios.

É importante salientar que uma terapia não exclui a outra: existem algumas situações nas quais o paciente é submetido ao cateterismo E continua com tratamento com medicamentos após.

Portanto, conforme falado acima, vale o bom senso: discuta com seu médico a opção mais apropriada, tendo em mente que quanto mais eficaz a proteção que é dada menor a chance de novo derrame. Se ainda assim tiver dúvidas, marque uma consulta com os médicos da CONCEPT, que terão imensa satisfação em esclarecê-las.

* Para maiores informações sobre os dados acima, visite no site da CONCEPT a sessão “Artigos Científicos”, lembrando que a interpretação do conteúdo destas fontes deve ser feita por um profissional da área da saúde.


Fechar


Meu médico indicou o fechamento do Forame Oval Patente (FOP). Qual a melhor opção para este tratamento, por cateterismo ou cirurgia?

Em primeiro lugar, se você teve um derrame (AVC) causado pela passagem de um coágulo pelo Forame Oval Patente (FOP), é importante lembrar que não existe opção sem risco: não fazer nada tem seu risco (muito alto), assim como tomar remédio apenas, fazer cateterismo ou cirurgia tem seus riscos também.

Uma característica da medicina é sua rápida e constante evolução. Cada vez mais os procedimentos são menos invasivos, mais eficientes, com melhores resultados e com mais rápida recuperação dos pacientes. Em muitos casos, é isto que tem acontecido com várias áreas cirúrgicas, inclusive na cirurgia cardíaca comparada ao cateterismo.

No tratamento do Forame Oval Patente (FOP), a cirurgia cardíaca e o cateterismo tem resultados muito semelhantes: taxa de sucesso de aproximadamente 98% e taxa de mortalidade de 0,2%. Ou seja, 2 em cada 100 pacientes submetidos à cirurgia ou cateterismo ficam com passagem residual de fluxo entre os lados do coração e 1 em cada 5.000 pacientes morrem por complicações do procedimento (salientando-se novamente, para o FOP).

O que diferencia mesmo a cirurgia cardíaca e o cateterismo para o tratamento do FOP não é o resultado final nem o risco de morte, mas sim o “caminho” para se chegar naquele resultado – a chamada “morbidade”, ou risco de complicações maiores ou menores. Esta estatística é mundial e coletada de vários grandes trabalhos, dos quais participaram centros de referência dos Estados Unidos e de outros países do mundo.

Tomando-se por princípio de ambos procedimentos sejam executados por profissionais qualificados e experientes, o que temos comparando a morbidade da cirurgia cardíaca e do cateterismo é*:

CATETERISMO

CIRURGIA CARDÍACA

Tempo de Internação

1 dia

4-5 dias

Tempo Médio de Retorno para as Atividades

10 dias

30 dias

Risco de Complicações Maiores ou Menores (Morbidade)

7%

25%

Risco de Reoperação de Emergência

0,2%

1,3%

Taxa de Infecção da Ferida Cirúrgica

0%

3,9%

Cabe salientar que, enquanto a cirurgia cardíaca precisa ser feita através do tórax (na cirurgia tradicional, faz-se um corte no meio do tórax, chamado de esternotomia, e “abre-se o peito” para chegar ao coração), no cateterismo o acesso é obtido pegando-se uma veia na perna e pela introdução da prótese por um cateter (um pequeno tubo, normalmente de plástico), ou seja, o cateterismo praticamente não deixa cicatrizes. Também, para o cirurgião poder operar o coração este precisa estar parado, sendo o sangue bombeado temporariamente por uma máquina (a chamada “circulação extracorpórea”), enquanto o cateterismo é feito com o coração batendo.

Medicina não é uma ciência exata, e os riscos de qualquer tratamento ou procedimento são minimizados de acordo com a experiência do profissional que os executam. Desconfie de médicos que prometem resultados e que garantem não haver riscos – em medicina isto não existe! Pergunte para seu médico qual a experiência dele com seu tipo de doença, qual a formação profissional dele e seus resultados. Apesar de todos números e estatísticas apresentadas acima nem todos pacientes são elegíveis para o tratamento por cateterismo, então para saber se você pode ser submetido a este procedimento procure um profissional especializado em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (Cateterismo Cardíaco) para obter uma avaliação.

* Para maiores informações sobre os dados acima, visite no site da CONCEPT a sessão “Artigos Científicos”, lembrando que a interpretação do conteúdo destas fontes deve ser feita por um profissional da área da saúde.


Fechar


 
hidea.com
CONCEPT – Centro de Cardiopatias Congênitas e Estruturais do Paraná © todos direitos reservados.